Martelo Alagoano

Zé Ramalho

Sou um nego um bocado esbagaçado
Sou o vatis das glórias desta terra
Sou a febre que chama berra-berra
Mastigando eu sou cobra de viado
Sou jumento pru fora do cercado
Sou tabefe que dero em seu Lameu
Se tiver bom guardado bote n'eu
Seu caminho de bonde ruim, estreito
Você hoje me paga o que tem feito
Com os poetas mais fracos do que eu

Mas de trinta da sua qualistria
Não me faz eu correr nem ter sobrosso
Eu agarro a tacaca no pescoço
E carrego pra minha freguesia
Viva João, viva Zé, viva Maria
Viva a lua que o rato não lambeu
Viva o rato que a lua não roeu
Zé Limeira só canta desse jeito
Você hoje me paga o que tem feito
Com os poetas mais fracos do que eu

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