Dondoca

Zaíra de Oliveira

Meu Deus, meu Deus
Que triste vida!
Me chamam todos de comida
Porque eu ando só!

Não treme tanto a gelatina
Que o caldo
Entorna da terrina
Eu viro pão de ló!

Dondoca, dondoca
Anda depressa!
Que eu belisco
Esta pernoca!

Minha dondoca, dondoquinha
És de fato, és da pontinha
Tem pena do tatu!

Eu ando sempre envergonhada
A toda hora beliscada
Que praga de urubu!

Vou dar o fora
Vou pra casa!
Estou em chamas
Estou em brasa!
Oh, céus que maldição!

Eu vou até a cascadura
Vou espiar na fechadura
O seu velho babão!

Dondoca, dondoca
Anda depressa!
Que eu belisco
Esta pernoca!

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