Quebradas da Noite / Espinho Na Cama / Avião das Nove

Renê e Adriano

A cama está vazia
Um travesseiro sobrando
O cobertor não me aquece
O vento, que está soprando

E nas quebradas da noite
Bitucas estão queimando
E o travesseiro amigo
Por ela, está esperando

E no silêncio da noite
Só ouço o barulho do vento
Somente as quatro paredes
São testemunhas
Do meu sofrimento

E no silêncio da noite
Só ouço o barulho do vento
Somente as quatro paredes
São testemunhas
Do meu sofrimento

Já é madrugada e o sono não chega
Me viro na cama pra lá e pra cá
Fumo um cigarro e outro cigarro
Sentindo a saudade no peito, apertar

Deito e me levanto, me levanto e deito
A noite, pra mim, é um martírio profundo
O cinzeiro cheio de cinza e bitucas
É a testemunha das noites de angústia
E eu não consigo dormir um segundo

As lágrimas roubam meu sono
No triste abandono de um amor primeiro
Eu choro triste, amargurado
Porque ao meu lado sobra um travesseiro

São noites de triste amargura
Só desventura, minha alma reclama
Sentindo a falta de alguém
Parece que tem espinho na cama

Sentindo a falta de alguém
Parece que tem espinho na cama

Já comprei passagem para ir embora
Só me resta agora apertar-te as mãos
Se já me trocastes por um outro alguém
Já não me convém ficar aqui mais, não

Levo comigo desse amor desfeito
Solidão, despeito e cruel desgosto
No avião das nove, partirei chorando
Por deixar quem amo nos braços de outro

Ao chorar lhe darei meu adeus
Porém, juro por Deus
Que não quero piedade

Se o pranto de quem mais te quis
Te faz muito feliz
Faça a sua vontade

E ao ver o avião subir
No espaço sumir
Não vai chorar, também

Deixe que eu choro sozinho
A dor e os espinhos
Que a vida tem

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