O Mestre e o Aprendiz

Rappek

Às vezes eu falo com a vida, as vezes é ela que diz
Virei um mestre no que faço e ainda sou aprendiz

Financeiramente pobre, eu sobrevivo por um triz
Reciclando velhos sonhos que um dia um jovem quis

Meu trabalho é desgastante
Quanto tempo ainda tenho? Vejo as fotos na estante

O futuro é tão incerto, meu desejo tão distante
E nesse anseio eu me perco e não aproveito o instante

Eu sei que estive ausente
É fácil dar presentes, difícil é ser presente

Vejo minha irmã crescendo e ela ainda não entende
Mas talvez escute isso e me admire lá na frente

Meu pai saiu de casa, confesso, eu não queria
Ter que assumir a responsa, isso me aborrecia

Frustrado com meus planos, o destino me incumbia
Cuidar de duas mulheres pra cumprir minha profecia


Eu tenho contas pra pagar e muito o que fazer
Não vou me preocupar com o que eles vão dizer

Não vão me alcançar, não vou me abater
E se eu silenciar, vai ser pra rebater o silêncio

Mais otimista que o Clarêncio, atenção
Falta bom senso, as pessoas não conversam

Quase perdi minha fé sob pressão, e a visão:
Elas nem sabem pra qual Deus ainda rezam

Se é o que morreu ou o que matou, ninguém venceu a luta
Se a guerra é santa, a paz é o que? Só uma prostituta

Se isso é um jogo, me desculpa, eu fujo da disputa
Conquista não é soberba, é a mudança de conduta

Não faço hits só pra tocar nas baladas
Prefiro fazer clássicos que toquem suas almas

Ritmo e poesia, à um palmo além das palmas
Pra que me escutem sóbrias, não pra que ouçam chapadas

Tem diferença, saca?

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