O Ipê e o Prisioneiro

Primas Miranda

Quando há muitos anos fui aprisionada nesta cela fria
Do segundo andar da penitenciária lá na rua eu via
Quando um jardineiro plantava um ipê e ao correr dos dias
Ele foi crescendo e ganhando vida enquanto eu sofria

Meu ipê florido junto à minha cela
Hoje tem a altura de minha janela
Só uma diferença há entre nós agora
Aqui dentro as noites não tem mais aurora
Quanta claridade tem você lá fora

Vejo em seu tronco cipó-parasita te abraçando forte
Enquanto te abraça, suga sua seiva te levando à morte
Assim foi comigo, ele me abraçava, depois me traía
Por isso eu matei e agora só tenho sua companhia

Meu ipê florido junto à minha cela
Hoje tem a altura de minha janela
Só uma diferença há entre nós agora
Aqui dentro as noites não tem mais aurora
Quanta claridade tem você lá fora

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