Vendo a Cidade, a Cidade Está a Venda

Pitanga

Eu vi gente com fome
Sem dinheiro pra comer
Eu vi gente negando ajuda
Mas aceitando comprar prazer
Que negou a quentinha pra família
Mas aceitou mais um litrão gelado
No bar pra beber
E depois mais nada

Eu vi criança de uniforme na praia
Catando latinha
Enquanto os playboys da zona sul
Jogam altinha
Eu vi criança que vende chiclete
E adulto que a pé faz frete
Que carrega nas costas a dor
Da barriga vazia

Eu me vi dizendo não
Para quem precisou do sim
Eu me vi atravessando a rua
Alegando cuidar de mim
Mas eu humano e o outro, também
Eu estou fugindo de quem?
Quem foi que nos fez reféns de nós?

Eu vi a cidade ruir
Eu vi o que era maravilha sumir
Tá estampado nos jornais
Mas a dor já tá normal demais
E todos esses carnavais
E a nossa fuga para o quê?

Eu vi a cidade ruir
Eu vi o que era maravilha sumir
Tá estampado nos jornais
Mas a dor já tá normal demais
E todos esses carnavais
E a nossa fuga para o que não
Não traz paz

Eu vi uma borboleta azul passar
Tão pertinho de mim voar
E me lembrei de um tempo
Em que eu encantava a cada borboleta nesse ar
Mas o que foi que aconteceu
Que esse encanto se perdeu
E normalizou tal como ver a dor
E não se importar?

As coisas vão ficando para trás
E quando a gente vê
Já foram
Várias borboletas devem ter passado
E eu fui reparar logo nessa por acaso

Há quem amou, quem sonhou, realizou
Quem levantou a cabeça e tentou
Mas há quem sequer acreditou
Que poderia estar melhor
Porque deveria estar melhor

Eu vi a cidade ruir
Eu vi o que era maravilha sumir
Tá estampado nos jornais
Mas a dor já tá normal demais
E todos esses carnavais
E a nossa fuga para o quê?

Eu vi a cidade ruir
Eu vi o que era maravilha sumir
Tá estampado nos jornais
Mas a dor já tá normal demais
E todos esses carnavais
E a nossa fuga para o que não
Não traz paz

Não traz paz
Não traz paz
Não traz paz, não
Não traz
Não traz paz

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