Funk Vermelho

Pietá

Mais de cem mil caminhando num rastro possível
De antemão condenados a sempre marchar
Vida que não anda fácil, acho que nunca andou
Pelo furo do sapato tento respirar

Andamos todos armados de blusa e vinagre
Mesmo que estrangulados sabemos gritar
Monstro invisível covarde, bota a cara pra nós
Quero dormir mais tranquilo em limpos lençóis

O bonde sai carregado de jovens e velhos
Preto, cafuzo, branquelo, índio, alemão
Tomamos todo o asfalto, fogo rompeu multidão
Última gota brindando a revolução

Nossa utopia aguardada sob um travesseiro
Na esperança de um dia o moleque acordar
Crê no gigante afobado, cheiro de nova maré
E o mar agitado da história acolhe seus pés

Corre por entre meus poros o sangue vermelho
Tanto e desenfreado que pode jorrar
Deus e o diabo não sabem o que é o bem e o mal
Todos reivindicando a terra do sal

Vão dos meus olhos mirando a paz
Povo provando do que é capaz
Nessa viagem que nunca chegou
Playboy tá junto com trabalhador

Vão dos meus olhos mirando a paz
Povo provando do que é capaz
Nessa viagem que nunca chegou
Playboy tá junto com trabalhador

Sei de uns porcos parados em frente ao espelho
Tão claramente inclinados a endireitar
Pensando em seus milhares. Cuspindo contra a ralé
Rara migalha babada de seus canapés

Mas, hoje a fome é forte, eu não pego no sono
Hoje, não será tão fácil nos alimentar
Corja real de safados, acho que vão se afogar
O barco vai virar, o barco vai virar, hey, o barco vai virar

Ir, pra onde ir? Nós é que vamos olhar por nós
Sombra leal do passado, turvo futuro melhor
Tudo vira pó

Ir, pra onde ir? Nós é que vamos olhar por nós
Sombra leal do passado, turvo futuro melhor
Tudo vira pó, tudo vira pó, tudo vira pó

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