Um velho cruza a soleira
De botas longas, de barbas longas
De ouro o brilho do seu colar
Na laje fria onde quarava
Sua camisa e seu alforje de caçador
Oh, meu velho e invisĂvel
AvĂ´hai
Oh, meu velho e indivisĂvel
AvĂ´hai
Neblina turva e brilhante
Em meu cérebro, coágulos de Sol
Amanita matutina
E que transparente cortina
Ao meu redor
E se eu disser que Ă© mei sabido
VocĂŞ diz que Ă© mei pior
E pior do que planeta
Quando perde o girassol
É o terço de brilhante
Nos dedos de minha avĂł
E nunca mais eu tive medo da porteira
Nem também da companheira
Que nunca dormia sĂł
AvĂ´hai! AvĂ´ e pai!
AvĂ´hai! AvĂ´hai!
O brejo cruza a poeira
De fato existe um tom mais leve
Na palidez desse pessoal
Pares de olhos tĂŁo profundos
Que amargam as pessoas que fitar
Mas que bebem sua vida
Sua alma na altura que mandar
SĂŁo os olhos, sĂŁo as asas
Cabelos de avĂ´hai
Na pedra de turmalina
E no terreiro da usina, eu me criei
Voava de madrugada
E na cratera condenada, eu me calei
E se eu calei foi de tristeza
VocĂŞ cala por calar
E calado vai ficando
SĂł fala quando eu mandar
Rebuscando a consciĂŞncia com medo de viajar
Até o meio da cabeça do cometa
Girando na carrapeta no jogo de improvisar
Entrecortando eu sigo dentro a linha reta
Eu tenho a palavra certa
Pra doutor nĂŁo reclamar
NĂŁo reclamar!
AvĂ´hai! AvĂ´ e pai!
AvĂ´hai! AvĂ´hai!
AvĂ´hai!