Berrante do Tempo

Pedro Pinho e Paulo Pontes

Estou olhando lá na curva do destino
Meus longos dias lentamente se findando
A mocidade que ficou lá na distância
E a velhice aos poucos se aproximando

As minhas pernas se encontram fraquejadas
Quem era forte não pode mais com o laço
Um boiadeiro de talento e muitas glórias
Hoje se encontra naufragado no fracasso

E quantas vezes através de uma miragem
Vejo a boiada caminhar no pensamento
Desta boiada já não sou mais boiadeiro
Sou agora um cargueiro transportando sofrimento

A minha tropa há tempo está parada
Até parece que sofre como eu
O meu cachorro não sai da porta do rancho
O meu berrante para sempre emudeceu

Minha guaiaca pelos anos já desfeita
Meu par de espora no esteio pendurada
O coxinilho que já fora meu abrigo
Hoje somente é uma sombra do passado

E quantas vezes através de uma miragem
Vejo a boiada caminhar no pensamento
Desta boiada já não sou mais boiadeiro
Sou agora um cargueiro transportando sofrimento

Na velha estrada não se vê mais a poeira
Rastro do gado o progresso apagou
Perdi aquela que em vida eu tanto amava
Linda cabocla que o berrante conquistou

Meus companheiros já deixaram esta vida
Todos partiram deixando a saudade
Estou seguindo o berrante do tempo
Que pouco a pouco me conduz a eternidade

E quantas vezes através de uma miragem
Vejo a boiada caminhar no pensamento
Desta boiada já não sou mais boiadeiro
Sou agora um cargueiro transportando sofrimento

Tracker

All lyrics are property and copyright of their owners. All lyrics provided for educational purposes only.