O céu daqui tem mais estrelas
A noite é bela e disfarça o choro de tristeza e dor
Natureza sopra e vai-se embora, magoada
Enquanto o homem cordial partilha o amor
De tarde aqui tudo é dourado, verde claro e azul anil
Nesse colossal desfile multicor
Essa terra a mão de Deus abençoou
Enquanto a gente se mata aqui fora, terra fértil
Pra colher alienação e conformismo
Doutrinados dessa Distopia autoritária, volta e meia aparecem pra nos assombrar
Pra não dizer que não falei das flores
E assim ostentarmos nossa dissidência
Aqui vai um brinde a nossa hipocrisia
Quando fingimos enfrentar todo mal que isso nos traz
Enquanto os fins justificam os meios nessa terra
Não se trata do poder ou se ele corrompe
Somos bastardos dessa pátria tão desigual
que da área VIP assiste o caos que é o mundo aqui fora
Um brinde a nossa hipocrisia
Podem nos tirar a paz, podem nos tirar o chão
Nos presentear com circo e pão
Podem nos envenenar e a realidade adaptar
Podem usurpar e assim farão
Podem nos tirar o sono
Podem nos tirar a paz mas nunca vão tirar o sonho
Nunca poderão calar a nossa voz!
Ao bêbado e ao equilibrista, de Vandré à Emicida
E “apesar de você, amanhã há de ser outro dia”
Sofre e chora, mas volta pra luta
Afoga as mágoas, vai, volta pra luta!
O céu daqui não tem estrelas
A noite é cinza e entorpece de perfídia, astuto ardil
Penhor dessa desigualdade brilha no horizonte
Nessa apatia saudosista
Gigante pela própria natureza, quem diria?
Essa terra a mão de Deus nunca passou...
Que toda dor do nosso povo sirva de lição
Que nossa história traga força pra continuar
(Que Deus tenha misericórdia dessa nação)
Essa terra a mão de Deus nunca passou...