Buraco (Adonirando o Samba)

Orestes Dornelles

Eu sei a cor dos telhado das praça
No papelão tramo meu edredom
Na pindaíba em estado de graça
Dois pila na pedra e ói eu aí no neon

Tudo que tenho tá aqui neste saco
Meus badulaque, uns caco, um cão
Vago invisível, pra ti eu sou um buraco
Mas ponho em xeque o teu peito de bom cristão

Se fosse minha essa rua, ah se ela fosse
E fosse possível nós trocar de papel
Tu, meu moafo, a fome, a tosse
Eu, teu sofá, teu licor, teu anel

Olho no olho, dotô
Que coisa mais louca, sim sinhô
Olho por olho, dotô
Seria boca na boca

Olho no olho, dotô
Que coisa mais louca, sim sinhô
Olho por olho, dotô
Seria boca na boca, sim sinhô!

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