Tato Polido

Murilo Modesto

A chuva do céu da minha boca
Cheia de segundas intenções
Sou cético, ávido, estúpido
Um entre vários milhões

Um ninho de cobra
Balaio de gato
A criança chora
Calor evapora o leite derramado

É o tato polido do vento
Dou conta me entorpecendo
O tato polido do vento
Um creme que tá derretendo

Eu creio na luz que alumia o couro
No clima seco que racha os lábios
Vou redefinindo a linha do tempo
Que dividirá nossos corpos

No tato polido do vento
Dou conta me entorpecendo
O tato polido do vento
Me toca no seu contratempo

Um hiato de mim com eu mesmo
Sem drama mas todo um conceito
Um gado atolado no brejo
Tão raso que dá no joelho

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