Cabana

Murillo Augustus

Vestidos só de lençóis
Encarcerados em nós
Aquela velha saudade
Limada à saciedade

Tudo do bom e o melhor
A melodia que impera
Nesse trabalho de espera
Retorna em tom maior

Não temos voz no futuro
Nós damos tiros no escuro
E vamos sendo alvejados
Por esse amor, viciados

Vivendo em nossa cabana
Num frenesi que não para
Essa doida é o meu samsara
E já não busco o nirvana

Atiro estas palavras num papel
Esqueço a senha desse cofre e alcanço o céu
Já não me importa a insistência, a rima, a métrica, a latência
Pois essa melodia não me assombra mais

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