Pra Quem Domou Nostalgia

Muriel Batista

Quando abanco minha silhueta em frente ao galpão posteiro
E miro os olhos campeiros na direção da mangueira
O vento frio corta o rosto sopra varrendo as planuras
Mostrando verdades cruas que ganhei aqui no posto

O mate me dá razão pra recordar o passado
Tantos momentos sagrados que tive nesse rincão
Pois o mouro me entendia quando no lombo eu pulava
Cumprindo a lida machaça no arrebol dos meus dias

Me falta força nos braços pra tocar adiante a lida
Sinto esvair-me a vida que amparou os meus laços
Pra quem domou nostalgias neste rancho solidão
Só os olhos do coração conseguem ver alegrias

O ovelheiro ainda late – parece anunciar alguém
Há tempos não vem ninguém – a estância virou saudade
Avisto o velho galpão – parceiro desde a infância
E o que sobrou na distância são quadras de solidão

Sinto findar o meu tempo mas não ficarei pra semente
Confio na minha gente, não vou restar ao relento
Aqui o destino é outro: Me deixem num campo firme
Pra um dia eu rebrotar livre feito uma alma de potro

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