Provérbio de Capacete

Mucambo

Ainda com orvalho, o escravo, a cana se veio a roçar
E moer a touceira rastada no braço, pois assim se fez
Com o azedo que escuma, escorrendo no rosto o suor vem nascer
Lança ao morro à senzala, um passado sangrado, um quilombo ascendeu

O caldo da cachaça é garapa
É cultura, a força da cachaça
É da cana, o caldo é garapa
Pingo forte que pinga é cachaça

O caldo da cachaça é garapa
É cultura, a força da cachaça
É da cana, o caldo é garapa
Pingo forte que pinga é cachaça

Mói o dente, mói a cana, mói a raiva, apurar no caldo a ferver
Coletivo é força, caminhar só não dá, arapuca cercou
No seu berço de sangue, cultura retalhada assim se criou
E no passo marcado, cantado de dor na corrente a chiar

Na aguardente, o suor e a semente bagaceira se viu
Das gotas destiladas, cabeça amoitar fez assim a ferver
Com um passo rasteiro pro quilombo guerreiro num esquivo subiu
Nem mais cria do nosso a canção da corrente vem mais entoar

O caldo da cachaça é garapa
É cultura, a força da cachaça
É da cana, o caldo é garapa
Pingo forte que pinga é cachaça

O caldo da cachaça é garapa
E cultura, a força da cachaça
E da cana, o caldo é garapa
Pingo forte que pinga é cachaça

Com as costas calejadas cabeças bradadas, para cima rumou
E acima, no alto se fez a muralha, dentre os grupos se viu
O espírito valente, embriaga os sentidos da árvore do esquecer
E passado é vivido no baque conduzido, dando cria a morrer

Tracker

All lyrics are property and copyright of their owners. All lyrics provided for educational purposes only.