Meu canto é vela solta ao vento
É agonia de cantar
As coisas que deixei no tempo
Amores que não vão voltar
É claro como céu de estrelas
Mas negro que a escuridão
É doce feito mel de abelha
Amargo que nem solidão
Meu canto é nó de marinheiro
Maré que vira embarcação
Chuva surpresa de janeiro
Desnorteando o Sol verão
Meu canto é água de cacimba
É porteira de pau a pique
Na terra seca, meu destino
É ave de arribação
É faca amolada, de ponta afiada
Que fere e que corta
Que abre as comportas
Do meu coração