Museu da Palavra

Motel 11-11

És do início ao fim minha ideia
Tintim por tintim, te inventei
Te exibi, te expus, casa cheia
Na estação da luz me mostrei
E afinal, quem sou eu se não
Sombra da minha obra, um Deus
Como pode o teu mal
Ser o meu abrigo
Meu próprio umbigo diz
Todo corte é vital
Toda cicatriz, nosso museu

Dei ao teu papel cada letra
Minha língua ao teu bel-prazer
Te encarnei, te pus, qual penetra
Olhos verde-azuis ao meu ver
És real, mas o rei não é
Dono do próprio trono, eu sei
Como um reles mortal
Viverei eternamente
A conter nas mãos
Todo o agora, e que tal
Ser feliz então?
É minha lei

Fiz o que pude, uma ode aos teus áis
Fiz o teu filme, fui homem demais
Fiz um barraco, não arranco jamais
Fundo o nosso amor
Descansa em paz

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