Carne Barata

Mil Virgulino

Vim de longe léguas
Terra espacial
Vozes da caverna
Do chão do pantanal

Eu vivi pra ver todo homem mudar
Das trevas do seu criador
Que criador, o quê?
Que criador?

Não posso mais sair descalço
Não posso mais (não posso mais)
Vou perecendo ao que me come
Esperando a minha vez de

Ser devorada
Pelo povo do senado
Eu que era abestalhada
Tenho que me esforçar

pra me tornar alguém
Um tanto civilizada
Pro meu povo da catinga
Um dia me ver retornar

Ser devorada
Nordeste carne barata
Explorando as minhas matas
Ver meu povo a queimar

pra me tornar alguém
Um tanto civilizada
Pro meu povo da catinga
Um dia me ver retornar

E vão ver o que não sou
Só o que pareço ser!

Vim de longe léguas, onde habitam ancestrais!

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