Botando na Rédea

Mauro Moraes

Quando no quedamos pensativos
Pelos pelegos da arte
Entre um mate e outro
Pouco importa o costeio
O canto chorado
Botando na rédea
A palavra acha a volta
Murcha as orelhas
E se acolhera nos versos

Por si mesmo a palavra
Traduz desalentos de amor e discórdia
Provoca a verdade
Arrisca-se a tudo
E a todos consola

Atravessa a mágoa
Onde a lágrima fala
Amarga e sangrante
Revela-se em prosa
Naquilo que gosta
Com todas as letras

Por si mesmo a palavra
Traduz pensamentos
Ideias e cores
Imagens cortantes
As mais retirantes
Do seu dia a dia

Ás vezes, silêncio
Mistura segredos
Nas coisas guardadas
E sofre o castigo
De haver escondido
Os livros na alma

Ah! Palavra rasgada
Linguagem urgente
Tratando da gente
Ao ferir e curar

É compadre
A palavra é como égua
É preciso ter uma
Pra recolher as outras

A palavra é do tempo
O que temos agora
Na hora em que sobram
Esteios aos seus
É aquela que espera
Na curva da estrada
E perdoa o regresso
De um filho seu

A palavra é o sentido
Do jeito que for
Na sombra interior
De cada indivíduo
É a memória da estima
Correndo pro abraço
Nas linhas do passo
Do rastro perdido

É aquela que toca
O que brota da pele
Que tece em teares
Lugares e apegos
De um sul milongueiro
De vida encordoada
Num som de guitarra
Templada nos dedos

Tracker

All lyrics are property and copyright of their owners. All lyrics provided for educational purposes only.