Soneto P130 - Antônio Nobre (Espírito)

Maurício Gringo

Quando cobrir-se o chão de folhas mortas
Meu coração dizia em grave entono
Extinguindo-se a vida que comportas
Dormirás no meu seio o último sono

E murmurava a alma – Findo o Outono
A Primavera vem por outras portas
Não existe no túmulo o abandono
Ou a dor amarga e rude em que te cortas

Escutava essas vozes comovido
Morto de angústia, morto de incerteza
Aguardando o sol-posto, entristecido

E além da amarga vida de segundos
Ressurgi da tortura e da tristeza
Sob os ares sadios de outros mundos!

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