Soneto P110 - Antero de Quental

Maurício Gringo

Mais se me afunda a chaga da amargura
Quando reflexiono, quando penso
No mar humano, encapelado e imenso
Onde se perde a luz em noite escura

Nesse abismo de treva a bênção pura
Do espírito de amor ao mal infenso
Sente o assédio do mal, é o contra-senso
Da luz unida à lama que a tortura

Mais se me aumenta a chaga dolorida
Escutando o soluço cavernoso
Da pobre humanidade escravizada

Sentindo o horror que nasce dessa vida
Que se vive no abismo tenebroso
Cheio do pranto da alma encarcerada!

Tracker

All lyrics are property and copyright of their owners. All lyrics provided for educational purposes only.