Ao Pé do Altar - Marta

Maurício Gringo

Eu vivia no Claustro
Na sombra silenciosa dos mosteiros

Mas um dia
Quando as penitências mortificavam
O meu corpo alquebrado e dolorido
E a oração
Era o conforto do meu coração
Disse-me alguém

Minha filha
Juraste fidelidade só a Deus
Mas se entrevês os Céus
E as suas maravilhas
Se tens a Fé mais pura
A Esperança mais linda
Não te esqueças que a Caridade
O anjo que nos abre as portas da Ventura
Não permanece
No recanto das sombras, do repouso
Se ama a prece e a pureza
Não faz longas e inúteis orações
Ela é a serva de Deus
E as suas preces fervorosas
São feitas com as suas mãos carinhosas
Que pensam no coração da Humanidade
Todas as chagas abertas
Pelo egoísmo
Está sempre em meio às tentações
Para vencê-las
Esmagá-las com o Bem
Destruí-las com Amor
A solidão da cela é um crime
Não te retires, pois, do mundo
Darás a Deus, sem reserva, a tua alma
Amando o próximo
Que contigo é seu filho dileto
Será um hino constante subindo aos Céus
Sê a mãe desvelada
A irmã consoladora
A companheira terna
De todos aqueles que te rodeiam
Na estrada longa dos destinos comuns
Sê a abnegação e a bondade serena

E a tua Fé
Será um hino constante subindo aos Céus
A tua esperança em Deus
Será dilatada
Para que vislumbres as felicidades celestes
Que esperam os justos na Mansão da Alegria

Meu corpo não resistiu
Aos cilícios que o martirizavam
E minh'alma tomada de emoção
Abandonou-o, brandamente
Atraída pela Verdade
Desprezando o repouso e a soledade
Sonhando com a luz do trabalho
Em outras vidas benfazejas
Porque a verdadeira paz de espírito
É conquistada
No seio das lutas mais acerbas
Dos mais rudes pesares
E só a dor que nos crucia
Ou a dor que consolamos
Somente a Dor em sua essência pura
Nos desvia da amarga desventura
Purificando os nossos corações
Na conquista das altas perfeições

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