Almas de Virgens P231

Maurício Gringo

Andam sombras errando abandonadas
Ao pé das lousas e das covas frias
Almas de pobres freiras desamadas
Perambulando pelas sacristias

Almas das que não foram desposadas
Como bandos de rolas erradias
Angélicas visões de bem-amadas
Mortas na aurora rútila dos dias

Virgens mortas! Tristíssimas oblatas
De um sacrário de luz piedoso e santo
Que sonhais entre os tálamos celestes

Entoai nos céus as tristes serenatas
Com as vossas roxas túnicas de pranto
Cantando à luz do amor que não tivestes!

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