Catador de Papelão

Mauricião Afroage

Faça o que fizer. Sou mano de fé
Sou pai de família, sai daqui mané!
Eu cato papelão. Esse é o meu ganha pão
Pode acreditar, não sou ladrão

Cato no lixo, no final do comício
Na porta do barraco e na porta do edifício
Depois da refeição com a família e os Irmão
Quando o dia é bom, dobradinha com pão

Na cooperativa vou à tarde pra reciclar
Pra fortalecer, uma cachaça no bar
Também cato latinha. Se achar a sorte é minha
Ontem teve festa naquela praçinha

Juntei um saco grande. Tô indo pra Rio Grande
Já passei a ponte da Vila Conde
Chegando na estação. A dica de um Irmão
Melhor preço em Mauá, vou pegar o trenzão

O mano pode estar certo. Mas vou ficar esperto
Pode dar errado ou pode dar certo
Antes desse trampo, tudo tava mal
Foi quando descobri o trabalho informal

Fui camelô, CD pirata, mas veio o rapa
E levou minha barraca
Tudo perdido mas não desesperei
Na família e nos amigos foi que me apoiei

Apoio nessas horas é fundamental
Foi o que me levantou e me deu moral
Me deu moral e autoestima
Foi tudo aquilo que me colocou pra cima

O Ferro Velho mudou o meu destino
Foi lá, que com sucata, montei o meu carrinho
Parti pra luta. E tudo que eu catava. Logo percebi
Que a família sustentava

Consegui vender. Firmeza a informação
Dinheiro na mão. Ponto a mais pro povão
Sou favela, com orgulho, catador de papelão
Sou favela, com orgulho, catador de papelão

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