Caruana

Mario Gil

Sob o rio-mar, no fundo do macaréu
Tem um mundo de outro chão e outro céu
Vive um povo louro ali sob o igarapé
São de ouro as ocas de sapé

Tem a pele alva como um véu
Comem um maná melhor que mel
E só vêm à tona da maré
Ao ouvir o canto do pajé

Nas águas do rio à noite tem lumaréu
Vem do fundo claridão, fogaréu
E tem moço louro e moça no aguapé
É namoro, diz o caburé

Tem um som de reza, ao longe, ao léu
Que faz se benzer até o incréu
É maraca, é marimba, é
É o som da chamada do toré.

Eh! rio-mar, Eh! rio-mar
Povo de Caruana é que mora lá
De Aruaque, de Jê, de Juparaná
De Aruã, de Araúna, de Aruaná

É o guardião do rio-mar

Caruana anda naquele mundaréu
Da nascente até a foz, déu em déu
Monta o tambaqui, galopa o tucunaré
O curimatã e o jacarécoité

Diz, quem é dali, o povo ilhéu
Que de noite se ouve o seu tropel
Vem ao som do canto do pajé
Vem beber cauim no seu coité

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