Sangue

Maria Fernanda Costa

O sangue é ceiva que me singra em cevaduras
Águas de mate, tardes mornas pro descanso
É corredeira de saudade aguas puras
Que às vezes brinca sobre a paz de algum remanso

O sangue, a sanga sinuosa que me ajuda
A decifrar muito de mim sem me falar
Filete d’água que por vezes se transmuda
E vai salgado me fugindo pelo olhar

O sangue é lava que me leva e que me ateia
Vulcões antigos que carrego adormecidos
O sangue é lava que me escorre pelas veias
Varrendo toda a lividez dos meus sentidos

Por vezes calma de sanga
Por vezes fúria de enchente
Vermelho rio que corre
Nas veias da minha gente

É procedência continuarmos descendentes
Eterna fonte a transcender vida e razão
Um rio oculto que se espalha em afluentes
E então renasce pra pulsar no coração

O sangue é o velho maragato que atropela
Desde as batalhas ancestrais que ainda trago
Lenço encarnado de avoengas aquarelas
Na formação existencial do nosso pago

O sangue é lava que me leva e que me ateia
Vulcões antigos que carrego adormecidos
O sangue é lava que me escorre pelas veias
Varrendo toda a lividez dos meus sentidos

Por vezes calma de sanga
Por vezes fúria de enchente
Vermelho rio que corre
Nas veias da minha gente

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