Pérola

Maremoto

O que eu já fui não deixo de ser
Camadas contínuas que me constroem
Pouco a pouco

O que eu já fiz ou deixei de fazer
Nunca me fez dos outros refém
Sempre ouço

Não a prendo em mim
Aprendo, sim
O rancor que recebi
Arranco de mim

Em torno do mal que eu receber
Converto aos poucos em algo bom
Basta tempo

E sob a pressão do fundo do mar
Espero um dia ver a onda passar
No momento
Em que o eco vier me afundar dentro de mim
E vejo assim
O quanto me quebra

Não o prendo em mim
Aprendo, sim
O rancor que recebi
Arranco de mim

A profundeza em mim
Descobri, enfim
Não encontro um fim
No que vou sentir
E não existe assim
Algo bom ou ruim
Nesse breu me encontrei
E o brilho se mantém

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