Uniplural

Marcelo Sirotheau

Tenho o poder de me multiplicar
De ser plural em toda ocasião
Ser eu mesma platéia e artista
Concertista e instrumento de valor
Ser canção e ser quem canta
Festa e dor

Sou o que brota e o que consome
Canção pedra bruta que a voz não dá nome
Torpor insone de paz ancorada
Palavra rimada
Cenários azuis

Posso fazer o que o canto ordenar
E ser atriz , saber dançar
Ser meretriz e me guardar
Num encerramento ou numa estréia
Plebéia-aristocrata , fariséia
Por fingimento ou por amor
Derramo as minhas almas
Crente e atéia

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