Tapera

Mano Dias

Tapera velha querida
Eu venho te conservando
Foi aonde me criei
E os meus filhos eu tô criando
Já não é mais o que era
O alvoredo findo
Já não é, mas o que eu tinha
Quando este peão se crio

Já não existe a vertente
Que tinha no fundo da casa
Não se vê mais um galpão
Que amanhecia com braza
Não vejo mais o arroio
Aonde mamãe lavava
Nem o picador de lenha
Aonde papai cortava

Hoje as mangueiras que tem
Já é feita de listão
Já não existe as de pedra
E nem as de varejão
Aonde tão as tranqueira
Que existia de pau ferro
Que palanqueava um beiçudo
E fazia dar um berro

Já não enxergo os velhinhos
Tomando seu chimarrão
Sentado ao redor do fogo
Tapado de picumão
Não vejo mais no galpão
Brocha tamoeiro e regero
Não vejo mais os tambero
No coice de uma fieira

Não vejo mais a cambona
E nem a chaleira preta
Que os carretero usavam
Quando tropeavam em carreta
Do nosso engenho de cana
Não resta mais nem as massas
E as formas tão no galpão
Com picumão e fumaça

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