Meu Nascimento

Mano Dias

Velho passo do Goulart
Querência onde eu nasci
Me orgulho em cantar para ti
Meu rico chão abençoado
Me criei abagoalado
Num ranchinho de capim
Gritando igual graxaim
Pelos Fundão de banhado

O rancho onde eu me criei
Era na Costa do cerro
Peço perdão pelos erros
Que eu tive na minha vida
Que a senhora aparecida
E o pai velho me proteja
Que eu sempre do lado teje
Da minha gente querida

Nasci em sessenta e sete
Dia sete de setembro
O certo eu não me lembro
Se foi de noite ou de dia
Meu pai era Osvaldo Dias
Minha mãe chamava Benvinda
Por isso que hoje ainda
tô recordando esse dia

Minha avó de nascimento
Há anos já não existe
Hoje ninguém mais resiste
Só vão ganhar em hospital
Minha mãe se sentiu mal
E disse que vai se agora
Que vai soltar a cama fora
Esse aporreado bagual

A parteira da minha mãe
Era uma tal de Dodoa
Era uma pessoa boa
Nas horas brabas que eu digo
Foi quem me cortou o umbigo
Naquele dia tão frio
Quando a minha mãe me pariu
Bem feliz sem ter perigo

Uma cara carijó bem gorda
Carnearo após o parto
Minha mãe comeu um quarto
E meu pai comeu o resto
E o nome botaram Ernesto
E assumo e dou garantia
E hoje chamo Mano Dias
E tá fazendo sucesso

Uma gamela de água morna
Ali sobre os pés da cama
Me deitaram numa badana
O travesseiro um baldrame
O meu pai queimava arame
Lá num fogo de galpão
Enquanto um redomão
As soga pastava grama

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