RazÔes de ser

Lisandro Amaral

Meu sonho toreou na estrada muito aguaceiro
Por ter alma de poncho, se fez tropeiro
Aos olhos brancos da lua rondou ausĂȘncias de ti
Sabendo que o fim da estrada Ă© longe daqui

Bocal sovado no queixo de um mouro-pampa,
Empurra um resto de vida que Ă© tropa larga
As duas cruzes de espinhos, na espora falam por si
E sabem que o rancho dela Ă© longe daqui

Tenho as mĂŁos do tempo, sou irmĂŁo de tantos
Que andaram, sem norte
Seguindo tropas de tantos senhores
E agora changueiam vida nos corredores

Serå a saudade o terço dos deserdados?
Serå um corredor o céu de quem se perdeu?
TerĂĄ, no altar do campo, uma cruz cravada
Quem nunca apeiou na estrada e pediu por Deus?

Meu sonho plantou nos olhos muito aguaceiro,
Por ter alma tropeira, acendeu luzeiros!
Aos olhos baios do sol, clareou ausĂȘncias de ti
Buscando razÔes de ser e estar aqui...

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