Meu sonho toreou na estrada muito aguaceiro
Por ter alma de poncho, se fez tropeiro
Aos olhos brancos da lua rondou ausĂȘncias de ti
Sabendo que o fim da estrada Ă© longe daqui
Bocal sovado no queixo de um mouro-pampa,
Empurra um resto de vida que Ă© tropa larga
As duas cruzes de espinhos, na espora falam por si
E sabem que o rancho dela Ă© longe daqui
Tenho as mĂŁos do tempo, sou irmĂŁo de tantos
Que andaram, sem norte
Seguindo tropas de tantos senhores
E agora changueiam vida nos corredores
Serå a saudade o terço dos deserdados?
Serå um corredor o céu de quem se perdeu?
TerĂĄ, no altar do campo, uma cruz cravada
Quem nunca apeiou na estrada e pediu por Deus?
Meu sonho plantou nos olhos muito aguaceiro,
Por ter alma tropeira, acendeu luzeiros!
Aos olhos baios do sol, clareou ausĂȘncias de ti
Buscando razÔes de ser e estar aqui...