Grão de Areia

Leonel e Goiá Filho

Quando a maldade formando teia
Vem acusar-me do que não fiz
Saio da trama que me enleia
Buscando a terra dos bem-te-vis
Só gente amiga lá me rodeia
E ouvindo o canto de uma perdiz
A luz divina em mim clareia
E ensina a forma de ser feliz

A mão do mestre desfaz a teia
A vida toma lindo matiz
No fio de água que serpenteia
Por entre as flores do meu país
Colher os frutos que a fé semeia
Sem magoar-se com o que se diz
É o grande leme que aqui norteia
Nau perdida do infeliz

Quando a tristeza me desnorteia
O meu refúgio, meu chafariz
É uma casinha modesta e feia
De móveis velhos e sem verniz
À luz mortiça de uma candeia
Sentindo o cheiro da flor-de-lis
E o prateado da Lua cheia
Banhando as covas dos buritis

Nessa casinha, parede e meia
No paraíso das juritis
A minha sorte me presenteia
Com tudo aquilo que tanto quis
Não guardo mágoa de quem me odeia
Porque num mundo de ideias vis
Sou simplesmente grão de areia
E o ser supremo é meu juiz


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