Ruína

Júlio Marotta

Ecoa forte nessas vozes loucas
Está escrito em cada viaduto
E se propaga pela madrugada
E na angústia dos desesperados

Pode-se ouvir no meio da tormenta
Nas galerias dos velhos mercados
Em praça pública as três da tarde
E no concreto sob o Sol que arde

Não é segredo o que vocês fizeram
E não podemos enterrar os mortos
Essas medalhas no seu peito sangram
E tem o peso de um milhão de corpos

Eis que o céu começa a desabar
E a liberdade se põe a ruir
E toda gente já não sonha mais
E todo mundo já virou zombie
Cuspindo ódio pra te sufocar
Vestindo trajes do animal do fim

Ruína!


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