Como se Morre Um Homem Valente

Gujo Teixeira

Vai pelo tempo nestas terras do rio grande
Um povo índio que se ergueu da própria fé
E um guerreiro que entre a paz se fez na guerra
E pela terra teve o nome de sepé

Nas reduções, nas palavras dos jesuítas
Tinha o progresso desta terra missioneira
Mas sob as pedras e o olhar dos sete povos
Cruzaram as tropas de espanhóis e suas bandeiras

Então sepé tiarajú clamou ao céu
Contra os tratados assinados além-mar
E o povo índio guarani de são Miguel
Empunhou lanças de bravura pra lutar

E eram lanças e cavalos contra as armas
E eram valentes contra a força dos canhões
Mas pouco a pouco foram erguendo-se as cruzes
E foi tombando o povo e o sonho das missões

E um dia um índio no comando de sua tropa
Contra o que os céus lhe avisavam por perigo
Tombou na terra em que lutou porque era sua
Na dor da lança e da garrucha do inimigo

Talvez a força do lunar que tinha a fronte
Guiasse o rumo verdadeiro de sua terra
Talvez por isso que no lombo de um tordilho
Buscasse a paz e mesmo assim achou a guerra

Sobre esta terra uma história foi escrita
Que não findou nos campos de caiboaté
Vive em quem sabe que esta terra ainda tem dono
Alma gaúcha e missioneira de um sepé

Vai na coragem de cair, se erguer de novo
Sangrar na luta, mas querer seguir em frente
Mostrar pro tempo e pra história deste pago
Como se vive e se morre um homem valente

Tracker

All lyrics are property and copyright of their owners. All lyrics provided for educational purposes only.