Barrigueira

Grupo Trinnca

Cruzo rastros e picadas
Tal como campo dobrado
Escuto o mugir do gado
E o ranger de tanto arreio
Me atento ao mascar do freio
D'algum pingo bem domado
No meu viver apertado
Junto ao pêlo de um oveiro

Às vezes dependurada
Diante ao olhar dos galpões
Sei de prozas e reuniões
Anunciando outra jornada
Talvez aquela invernada
Onde morreu um terneiro
Quem sabe o campo do meio
Onde está a égua bragada

Eu também ando juntinho
Daquele pelo tostado
Que sempre me faz costado
Vivendo os dias e as horas
“Mas nego a pua da espora
Que me espinha, sofrenando
E enquanto ela vai cantando”
É o meu semblante que chora

Avisto o verde dos pastos
Os cascos lutar com as pedras
Contemplo pelas macegas
O voar de um perdiz
Estou junto a cicatriz
D’um flete manso do arreio
Bem onde perdeu-se o pelo
Com aquele sangue matiz

Eu cansei com o forcejo
N'algum manso mais pesado
Andei frouxa nos delgados
Ou com nó pra dar aperto
Mas me ajeitam a preceito
Os que sabem da importância
Que carrego nas distâncias
Por segura e por respeito

É meu oficio de barrigueira
Dar sustento ao arreio
Apertada bem ao meio
Com o látego e o travessão
Ando junto em comunhão
Com as mais distintas pelagens
E trago na minha imagem
Um corpo feito em algodão!

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