Temporona

Glênio Fagundes

Quase num fundo de campo
onde arrincona recuerdos
A cicatriz de um caminho
Mostra uma antiga tapera

Onde a avó das laranjeiras
Tramuta tapete de renda urdidura das folhas
Fiando a prata lunar
Seus poemas caducando,
Lembrando frutos, flores
Floresce antigos amores
Que regalou a patrona

Talvez por isso a coitada
Desnorteada pela idade
Frutifique na saudade
Laranjas temporonas

Chegando a tiro de laço
Todos nós somos assim
Guri não tem imunidade
Por isso contrai saudade

Quando a vida se entona
E na lembrança desgarra
Quando um toque de guitarra
Ou floreios de cordeona

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