O Poeta Cantador

Flávio José

Enquanto vida eu tiver
E enquanto a vida me quer
Em cima da terra
E embaixo do céu

Fazendo um serra caber no papel
Cantando o que eu puxo da inspiração
Enchendo o meu bucho
De acorde e canção
Trancando as palavras

Nos currais da rima
Tornando-as escravas
Tão livres e tão finas
Colhendo os meus versos
Com mãos de poeta
Correndo na reta
De um bom cantador

Cantarei meu canto
No canto que entôa
Serei o encanto da imaginação
Terei nos baiões nas cantigas e lôas
Os sons e a prôa da minha canção
Do rei do baião cantarei o ensino

De um vão virgulino
Eu serei o lampião
Moldando no barro de um rei vitalino
Cantarei o hino e a voz do sertão

Das belas cantigas serei compromisso
Pois meu padim ciço me dá proteção
Serei o conselho
De um bom conselheiro
Serei mensageiro de frei damião
Terei meu nordeste plantado no peito
Regado com êito de pura emoção
Serei como a dor
De um irmão sertanejo
Que ganha o sobejo
De um taco de pão

Serei saudade
De um filho que parte
Serei o aparte
Da briga de irmãos
Serei a cantiga do brilho da arte
A espiga de milho do teu são João
Serei o encontro da noite com o dia
O céu dos amantes, a Lua do amor
O canta que antes se fez poesia
Na voz incessantes de um cantador

Enquanto eu tiver

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