Cruel como um milagre terrível
Assustador como a noite chegando antes da hora
O tempo só piora e eu sou o meu próprio oceano
Causando náufragos aos arrogantes que desafiam a tempestade
O homem que mata pelo que ama não morre sozinho
E se for mexer com o que eu me importo, me mate primeiro
Palavras ao vento voam, discurso leve não me agrada
Ebó de silêncio, já que a inveja não fica calada
A boca é a antena do carma
Quem quer te ver cortando cabeças te quer morto pela espada
O coliseu sempre vai pedir por sangue
Não importa se é o deles ou o nosso
Vivemos e morremos como gladiadores de areia
Os filhos do Sol de quarenta graus, marujos do Mar Vermelho
Nossa cor é a noite que brilha no corpo
Boca seca, estamos sempre com sede
Revoltado, suor de Jorge Amado
Pessimista como Saramago
Eu sou filho do sertão dos pecados
Sobre a terra de viver o mais forte, torto arado
Ogan de Iansã, dançando nos raios descalço
Se me crucificar, eu renasço
Uma fênix numa quarta-feira de cinza
Despedidas bonitas como Elis Regina cantando Águas de Março
Eu repito, somos filhos do Sol, gladiadores de areia
Eles não nos enxergam e são queimados
Nos movimentamos como mormaço
Eu quebro seu ego e ainda te faço pisar nos cacos
Pedra com pedra, eu sou aluno do macaco
Eu não sou criado, eu sou forjado aonde eles não duram um dia
Assista Soprano pra entender minha terapia
Dor de cabeça, mão rasgada, rosto intacto
Até espancar me causa trauma
Dor de cabeça, mão rasgada
Até espancar me causa trauma, ah (até espancar me causa trauma)
Até espancar me causa trauma (ah)
Esse ódio não é meu, ele foi-me dado
Ninguém me escutou quando eu falei: Não quero
Bahia de todos os santos, seu filho é abençoado
Gladiador de areia
Nós somos gladiadores de areia
Dendê, salitre e sangue
Somos feitos de dendê, salitre e sangue
Somos feitos
Eu sou protegido por muitas entidades, nego
Eu não tenho medo de nada que o homem possa apresentar
Antes de me atacar
Lembre de quem eu carrego no nome