As Aparências Enganam

Zé Ramalho

Sabedoria do povo
Em forma de procissão
E o entoar da novena
Em pratos de comunhão
Uma promessa que falta,
Um companheiro divino
Um tempo tão pequenino
Para viver e ficar

Um tudo tão magoado
Um povo tão violado
Erupção de crianças

Uma prece pela busca
Uma treva que ofusca
Uns olhos de cão danado
Os sonhos do condenado
As barras de se viver

Uns olhos são para ver
As contundências do mundo
Em tudo que se mexeu
Em tudo que se moveu
As aparências enganam

As aparências enganam
As mesmas que desenganam
Os olhos do moribundo
O caçador vagabundo
Que viu e não soube ver

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