Trem de Lata

Wilson Paim

Uma velha ferradura pendurada
Feito o sino dá licença na estação
Pra que o velho trem de lata em disparada
Chegue a tempo no outro lado do galpão

Orelhano não tem marca registrada
E o seu trilho é o próprio rastro pelo chão
Lá no cocho das galinhas tem parada
Pra o foguista abastecer o seu vagão

(Lata aberta toda a volta vai a carga
Encontrada pelo meio do terreiro
E as fechadas onde a ponta não se larga
Eram só para vagões de passageiros)

Toda vez que o pai chegava com sortido
O piazito ia correndo ver se vinha
Pra tornar seu trem de lata mais comprido
Entre a compras uma lata de sardinha

Mas o tempo foi passando e o que era lindo
Disse adeus ao sentimento conquistado
E o expresso fantasia foi sumindo
Do cenário pelo túnel do passado
Eram só para vagões de passageiros

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