Atei num palanque grosso, bem na frente do galpão
Deixei o potro sentando de arrastá a cola no chão
Passei graxa no apero, no maneadô e no cinchão
Barrigueira e rédea forte, como prá aguetá o tirão
Sovei a tala do mango, garrotiei uma maneia
No par de bota campeira passei um cêbo de ovêia
Dei um fio na minhas esporas, dentes à dente bem travado
Prá ver o pulo da québra e eu pudê surrar cruzado
Tomei um trago de canha, prá enrugar a sobrancêia
E atirei o meu chapéu, bem lá de traz das'oreia
Bamo cavalo, bamo
Bamo bagual
Bamo cavalo, bamo
Bamo bagual
Que hoje eu me oiêi no ispêio
E vi que nóis semo igual
Depois encilhei o potro, prá montar foi um problema
Fiz ele dobrar o pescoço de acordo com o meu sistema
Nem bem alcei a perna, saiu berrando o crinudo
Eu me firmava nos ferros e "lanhava" o cangotudo
Naquela poeira medonha, eu chegava ver o meu fim
Pois senti os meus pelegos se arrastando no capim
Corcoveou mais de uma légua, por incríel que pareça
E eu surrava dos dois lados, só defendia a cabeça
Deixei um pingo de lei, de confiança dos'areio
Tranqueia se atravessando e vem abaralhando o freio
Bamo cavalo...