Botei na soga lá na sanga do capão
Canha e yervão bem tratado no gargalo
Depois de uns gole', fui pro baile do Adão
Gaita e violão pra dançar fazendo valo
Larguei pifado porque vi já na entrada
Uma namorada que me fez sofrer por ela
Pensei comigo: Quantas volta' o mundo dá
E o meu patuá, carrego junto na lapela
Por ser assim, não frouxei pro seu sorriso
Cabelo liso, do ado esquerdo, uma flor
Era um sinal que a prenda tava solteira
Uma vida inteira não apaga um grande amor
Era um sinal que a prenda tava solteira
Uma vida inteira não apaga um grande amor
O tempo velho me ensinou muitos atalhos
No meu baralho, eu disfarço e, depois, peco
Perna comprida nem sempre chega primeiro
Não é à toa os fios brancos que carrego
Dancei com ela umas quatro ou cinco marcas
E eu, monarca, pra isso, tenho destreza
Parar o baile pro Adão dar uns palpite'
E ela fez um convite pra prosear na sua mesa
Por ser assim, não frouxei pro seu sorriso
Cabelo liso, do ado esquerdo, uma flor
Era um sinal que a prenda tava solteira
Uma vida inteira não apaga um grande amor
Era um sinal que a prenda tava solteira
Uma vida inteira não apaga um grande amor
Em fala mansa, me disse: Por onde andou?
E confessou deixar no pago uma paixão
E me mostrou uma flor seca na carteira
De uma roseira que lhe dei certa ocasião
Voltei pro rancho sentindo a brisa do vento
E um sentimento que, por bueno, não tem preço
Vim emponchado c'o esta chama que ainda arde
Pois nunca é tarde para haver um recomeço
Por ser assim, não frouxei pro seu sorriso
Cabelo liso, do ado esquerdo, uma flor
Era um sinal que a prenda tava solteira
Uma vida inteira não apaga um grande amor
Era um sinal que a prenda tava solteira
Uma vida inteira não apaga um grande amor