Eu quero o teu beijo de boca macia
Bem escandaloso e escancarado
Daqueles que o vento já todo ensopado
A gente mergulha na alma vadia
É uma fervura que nem gelo esfria
É um fogaréu queimando no ar
E os deuses todos começam chegar
Regendo uma orquestra de sopros divinos
E a gente vadeia como dois meninos
Na areia da praia, na luz do luar
Também quero o doce de tua doçura
Teu beijo molhado virando garapa
Um beijinho doce com gosto de papa
Eu viro criança, oh, linda criatura
Tu és um pão doce, minha formosura
Minha calunguinha de papai cheirar
Dou mil piruetas pra te agradar
Eu sou seu escravo, sou seu mamulengo
Tu és minha bela, meu tudo, meu dengo
A noite, o meu dia, a luz do luar
A gente se espalha, se junta
Se deita, se mela de areia
Se suja, se embola, se agarra
Se beija, se enxuga e se molha
Se derrete todo, se olha e se ajeita
Se joga, se lança, se alarga, se estreita
Minha rosa linda, meu belo pomar
O gosto mais puro do meu paladar
A água do pote de barro friinha
Minha rapadura que toda tardinha
Na sombra da tarde, vem me adocicar
Tão cheia de charme, fogosa, faceira
Jeito de menina, felina, mulher
Um bule fervendo cheio de café
O mel bem guardado de uma cabaça
Uma fogueira acesa fazendo fumaça
Tangendo as abelhas que vem ferroar
Na minha colmeia você vai reinar
Abelha rainha, minha doce amada
Meu favo de mel, minha namorada
Vem sonhar comigo na luz do luar
Tão cheia de charme, fogosa, faceira
Jeito de menina, felina, mulher
Um bule fervendo cheio de café
O mel bem guardado de uma cabaça
Uma fogueira acesa fazendo fumaça
Tangendo as abelhas que vem ferroar
Na minha colmeia você vai reinar
Abelha rainha, minha doce amada
Meu favo de mel, minha namorada
Vem sonhar comigo na luz do luar