Ele disse: "Abra o olho"
Caiu aquela gota de colírio
Eu vi o espelho
Ele disse: "Abra o olho"
Eu perguntei como é que andava o mundo
Ele disse: "Abra o olho"
O telefone tocou
Soando como um grilo de verdade
Eu ouvi o grilo
O grilo cantando
Tava eu no mato de novo
No mato sem cachorro
Eu pensei: "Tá direito?"
Que eu nunca tive cachorro ao meu lado
Ele disse: "Abra o olho"
Eu disse "aberto", aí vi tudo longe
Ele disse: "Perto"
Eu disse: "Está certo"
Ele disse: "Está tudinho errado"
Eu falei: "Tá direito"
Eu falei: "Tá direito"
Tudo numa gota de colírio
Ele disse: "É delírio
Navegar nas águas de um espelho"
"Meu nego, abra o olho"
Ele disse: "Abra o olho"
Ele disse: "Abra o olho"
Com aquela sua voz suave, amiga e franca
Eu falei "tá direito" de olho fechado e gritei:
"Viva Pelé do pé preto
Viva Zagallo da cabeça branca"